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APRENDENDO SOBRE A RELAÇÃO ARTE/VIDA COM TAYLOR SWIFT

12/19/2015

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Reprodução: Youtube / TaylorSwiftVEVO
Pra falar a verdade, eu já estava querendo escrever sobre mimesis há muito tempo. Porém, ao ver o clipe novo da Taylor Swift, “Wildest Dreams”, levei o pontapé que precisava - e convenhamos que é uma bela desculpa. A produção está no fim do artigo.

Onde acaba a arte e termina a vida? Como definir limites entre duas coisas, aparentemente, tão ligadas? Essa é uma inquietação que perpassa por todos nós, em algum momento da vida, e arde mais forte nos artistas e poetas. Reza a lenda que o triste fim de Heath Ledger foi consequência do personagem Coringa, e da influência psicológica dessa atuação na sua vida. Gustave Flaubert, ao publicar o escandaloso (para a época) “Madame Bovary”, foi bombardeado de perguntas do tipo “em quem você se inspirou pra fazer essa adúltera? Quem é, na verdade, Emma Bovary?”; ao que ele respondeu, iconicamente: “Madame Bovary sou eu”.

É esse ‘eu’ que confunde a cabeça das pessoas. Por sermos uma nação que não lê, ficamos confusos quando nos deparamos com um narrador em primeira pessoa. Imediatamente, na nossa cabeça, aquele eu-narrativo é o autor. Achamos que as experiências registradas no papel foram vivências reais do escritor, e é aí que dá tudo errado. Hilda Hist foi considerada pornográfica, imoral, vagabunda: por escrever literatura erótica. Ué, mas se ela escreveu, é porque ela viveu aquilo!


Não. Não é não. Literatura (e todas as outras manifestações artísticas) e vida são duas entidades separadas. É aí que entra o conceito de diegese: o novo universo criado a partir de ideias ficcionais. Esse mundo diegético pode ser ou não plausível à nossa realidade - por exemplo, “Harry Potter”, por ter características fantásticas, não é verossímil ao nosso cotidiano, porém, possui uma coerência interna, fazendo total sentido dentro da sua esfera diegética.


Portanto, desde o nascimento de um pequeno poema até a execução de um romance monumental, existe ali uma criação ficcional. Se o que está escrito tem total correspondência com a realidade, deixa de ser literatura e vira um diário ou uma carta. A arte pressupõe esse teatro, um fingimento inerente (lembremos da “Autopsicografia”, do Pessoa): precisamos nos convencer de que aquilo que o artista está nos dizendo é ‘verdade’. Mas essa verdade também é uma ilusão, que termina no segundo em que fechamos a última página de um livro ou em que surgem os créditos de um filme.


E “Wildest Dreams” (‘sonhos mais selvagens’, em tradução livre) tem tudo a ver com isso. O clipe nos apresenta um relacionamento entre uma atriz e um ator, que representam ser namorados também em um filme; cujo nome - não existem coincidências! - é “Wildest Dreams”. Esse jogo metalinguístico é recorrente, e em vários momentos, os dois confundem o universo diegético e o mundo real. A cena que eu gostaria de destacar é a seguinte: em um segundo, há uma briga, mas, no outro, quando a marca da claquete passa, os personagens assumem e eles se beijam, espontaneamente; ou seja, fingindo. Nesse caso, é ainda mais difícil dividir os dois mundos, já que os atores incorporam aquela fantasia na própria pele.


Luz, câmera, e ação: eis o momento em que a realidade desaparece, nos envenenando com os perigos da ficção.



Originalmente postado em: http://obviousmag.org/poetiquase/2015/09/aprendendo-sobre-a-relacao-artevida-com-taylor-swift.html#ixzz3umPUjmEP 
Reprodução: Youtube / TaylorSwiftVEVO
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